Piercing oral - compreenda os riscos
- Leandro Osorio
- 3 de mar. de 2020
- 2 min de leitura

A adolescência caracteriza-se por transformações orgânicas fisiológicas que acarretam conflitos pessoais em busca do conhecimento de seu corpo e seu papel na sociedade. A transgressão, a necessidade de autoafirmação e aceitação em determinado grupo, o desejo de tornar-se belo dentro de certos padrões estéticos, parecem justificar a realização de tatuagens, mutilações na orelha ou lábio, utilização de colares para alongar pescoços, orelhas, entre outras medidas empregadas para se diferenciar.
Mas o que esses jovens muitas vezes desconhecem os riscos que essas práticas trazem consigo. Em recente estudo foi observado que entre outras situações, 70,6% dos entrevistados afirmaram não terem sido informados sobre os problemas gengivais que podem surgir, outros 60,4% dos sujeitos também desconheciam as complicações dos piercings relativos aos dentes e tecidos gengivais, entre outros quesitos[1].
O piercing na língua costuma ser o mais frequente na cavidade bucal. As complicações que podem ser imediatas à colocação, como infecção, abcessos, hemorragias. Situações essas, que pela localização e dependendo da gravidade

tem potencial para evoluir em quadros graves que geram risco de morte. A médio e longo prazo algumas das alterações que podemos citar são o risco aumentado de contaminação por vírus (hepatites B, C, herpes, HIV), alteração nas estruturas dentais, como fraturas, lascas, desgastes, alteração na posição dos dentes, lesão aos tecidos de sustentação do dente que pode comprometer a permanência do mesmo na cavidade bucal[2]. A chance de recessão gengival (exposição da raiz do dente) chega a ser dezoito vezes maior em indivíduos que usam piercing lingual. Ainda a severidade da recessão está associada na ordem direta com o tempo de uso[3].

Realizar a colocação do piercing é uma decisão que envolve responsabilidade redobrada do utilizador, pelos cuidados quanto a contaminação, necessidade da limpeza que essa “jóia” bucal exige. Antes de colocar converse com seu dentista.
Referências
[1] F. Covello, C. Salerno, V. Giovannini, D. Corridore, L. Ottolenghi, and I. Vozza, “Piercing and oral health: A study on the knowledge of risks and complications,” Int. J. Environ. Res. Public Health, vol. 17, no. 2, 2020.
[[2] I. Plastargias and D. Sakellari, “The Consequences of Tongue Piercing on Oral and Periodontal Tissues,” ISRN Dent., vol. 2014, pp. 1–6, 2014.
[3] M. A. Reynolds, “Gingival recession is likely associated with tongue piercings,” J. Evid. Based. Dent. Pract., vol. 11, no. 3, pp. 160–161, 2011.
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