O fim dos modelos de gesso
- Leandro Osorio
- 17 de set. de 2017
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de mar. de 2021
Os modelos dos dentes são instrumentos importantes para o diagnóstico, planejamento e tratamento de diversas situações na Odontologia. Contudo, a forma tradicional de obtenção desses modelos, com utilização de material de impressão e construção em gesso, pode estar com seus dias contados. Vejam a seguir o que a tecnologia está fazendo para auxiliar os cirurgiões-dentistas no quesito modelos de gesso.

Modelos de gesso
De forma muito resumida podemos dizer que os modelos de gesso são obtidos a partir da impressão de um material elástico (para moldagem) a fim da obtenção de um molde (uma cópia em negativo) das estruturas da boca. Sobre esse molde é vertido gesso, que posterior ao seu endurecimento, pode ser retirado do mesmo e obtido a cópia das estruturas da boca: o modelo. Esses passos de obtenção podem causar alterações dimensionais diversas, razão pela qual se utilizam muitas técnicas conforme a precisão necessária, tanto para moldagem (obtenção do molde) como para a modelagem (obtenção do modelo). Os modelos de gesso após utilizados costumam ser um problema para o Cirurgião-dentista e meio ambiente, pois necessitam ser armazenados por questões éticas e legais e propriamente descartados quando assim puderem.

Modelos virtuais
Modelos virtuais são aqueles que são construídos virtualmente, no computador. Eles podem ser obtidos a partir da digitalização do molde ou por escaneamento bucal direto por meio de escaners apropriados.
Comparação entre modelos de gesso e modelos virtuais
A diferença entre os valores medidos entre modelos de gesso e virtuais são muito pequenos como demostrado no trabalho de Rajshekar (2017) onde a menor diferença foi 0,007mm e a maior diferença foi de 0,066mm.[1]
Planejamento virtual

Planejamento virtual é possível utilizando os modelos virtuais para identificar o posicionamento dental desejado verificando a quantidade de movimento necessária e traçando estratégias de como obter esse movimento. O set up virtual (Clincheck) consegue definir a posição final de cada dente auxiliando profissional e paciente na tomada de decisão sobre o tratamento a ser executado. A integração do modelo virtual com a tomografia computadorizada proporciona que o planejamento possa ser realizado tridimensionalmente, onde inclusive em casos cirúrgicos, o tratamento virtual seja alcançado mostrando grande precisão quando comparado ao resultado pós-cirúrgico.[2] Nesses casos são necessários guias cirúrgicos para o correto posicionamento transoperatório das partes operadas, que podem ser obtidos vitualmente com a impressão da peça física em impressora 3D.[3]
Tratamento virtual
A utilização da tecnologia de modelos virtuais permite inclusive procedimentos restauradores/ reabilitadores, onde são integrados a modernas fresadoras capazes de produzir peças dentais em questão de horas. Contudo para situações onde o detalhe fino é necessário a utilização de técnicas mistas (digitalização de uma moldagem de precisão) mostram-se mais apropriadas.[4]
E o paciente? Qual a sua percepção entre as técnicas?
A utilização de método de escaneamento intrabucal foi a preferida por jovens entre 9 e 11 anos, apesar do tempo de escaneamento bucal ser maior que a moldagem com material convencional (alginato).[5]
Modelos digitais não são novos, e vieram para ficar. Como todos os processos em tecnologia algum tempo e treinamento são necessários para poder extrair tudo que a técnica permite para melhoria de nossos tratamentos e bem estar de nossos pacientes. Situações de construção de aparelhos ortodônticos e protéticos ainda irão necessitar do tradicional modelo de gesso.
Assim como nos dias atuais são muitas as forma de comunicação: Facebook, SMS, Snapchat, Instagram, etc, mas apesar de tudo isso sempre haverá a necessidade do uso da velha carta. Assim será o futuro de nosso amigo modelo de gesso.
[1] M. Rajshekar, R.W.A.-M.T.M.F.A.W.L.J.. W.G.B.L. Julian, The reliability and validity of measurements of human dental casts made by an intra-oral 3D scanner, with conventional hand-held digital callipers as the comparison measure, Forensic Sci. Int. 278 (2017) 198–204. doi:10.1016/j.forsciint.2017.07.009.
[2] J.-H. Kim, Y.-C. Park, H.-S. Yu, M.-K. Kim, S.-H. Kang, Y.J. Choi, Accuracy of three-dimensional virtual surgical simulation combined with digital teeth alignment: A pilot study, J. Oral Maxillofac. Surg. (2017). doi:10.1016/j.joms.2017.07.161.
[3] S. Bobek, B. Farrell, C. Choi, B. Farrell, K. Weimer, M. Tucker, Virtual surgical planning for orthognathic surgery using digital data transfer and an intraoral fiducial marker: The charlotte method, J. Oral Maxillofac. Surg. 73 (2015) 1143–1158. doi:10.1016/j.joms.2014.12.008.
[4] I.-D. Jeong, J.-J. Lee, J.-H. Jeon, J.-H. Kim, H.-Y. Kim, W.-C. Kim, Accuracy of complete-arch model using an intraoral video scanner: An in vitro study., J. Prosthet. Dent. 115 (2016) 755–9. doi:10.1016/j.prosdent.2015.11.007.
[5] L. Burhardt, C. Livas, W. Kerdijk, W.J. van der Meer, Y. Ren, Treatment comfort, time perception, and preference for conventional and digital impression techniques: A comparative study in young patients, Am. J. Orthod. Dentofac. Orthop. 150 (2016) 261–267. doi:10.1016/j.ajodo.2015.12.027.
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