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Aparelhos autoligados. Para quem?

  • Foto do escritor: Leandro Osorio
    Leandro Osorio
  • 1 de out. de 2017
  • 3 min de leitura

braquete autoligado, imagem.

A maioria dos pacientes que buscam tratamento ortodôntico gostaria de tê-lo concluído de forma rápida, discreta, indolor e, de preferência, com baixo custo. Recentemente se tem observado bastante interesse por tipos distintos de tratamento que buscam alcançar esses objetivos. Os aparelhos autoligados são exemplo dessa busca. Os defensores dessa técnica advogam que ocorre uma melhoria no movimento dos dentes, na higienização e até na estética do paciente.

Como fórmulas mágicas ainda não estão disponíveis no armamentarium da ortodontia contemporânea, vamos identificar algumas das características da técnica quando comparada à tradicional e o que a literatura científica nos traz sobre tratamento ortodôntico com bráquetes autoligados.

Bráquetes convencionais, bráquetes auto ligados, o que são? Para que servem?

Bráquetes são dispositivos que normalmente são colados sobre os dentes de modo a permitir o uso de fios elásticos que transferirão a força para movimentar os dentes. Podem ser metálicos, plásticos ou cerâmicos.

Os bráquetes convencionais necessitam da utilização de elásticos (borrachinhas coloridas) para prender o fio elástico ao dente. Podem ainda serem utilizadas ligaduras metálicas para realização do mesmo propósito. A cada consulta de ativação do aparelho, entre 21 e 30 dias, esses elásticos e ou ligaduras são substituídos por novos.

O bráquete de um aparelho autoligado apresenta um dispositivo interno, um clip que facilita a colocação e remoção do fio, dispensando o uso tanto da borrachinha como da ligadura metálica e diminuindo o atrito entre fio e bráquete, como sugere o vídeo a seguir.

O tratamento autoligado facilita a higienização?

As borrachinhas costumam promover acúmulo de biofilme bacteriano, tanto pelo aumento de superfície de contato como pela característica de degradação do material ao longo do período que fica exposta na cavidade bucal. Esse fato costuma ser explorado para defender o uso de aparelho autoligado. Em janeiro de 2017, foi publicada revisão sistemática(1) que contradiz essa assertiva. O referido trabalho avaliou o desconforto do uso de aparelho convencional e auto ligado bem como o impacto sobre a promoção de higiene bucal em pacientes tratados em ensaios clínicos randomizados. Não foi possível demostrar diferença no controle de placa bacteriana, bem como desconforto dos pacientes nos quatro períodos de tempo avaliados (4horas, 24 horas, 3 dias e 7 dias).

O tratamento autoligado é mais biológico aos tecidos dentais?

Um dos grandes problemas na ortodontia é o processo de remodelamento/ absorção radicular que as forças ortodônticas podem causar aos dentes. Forças suaves costumam ser mais favoráveis aos dentes e quanto mais curto o tratamento menos expostos os mesmos estarão . O tratamento com bráquetes autoligados não mostrou diferença no que refere ao tempo de tratamento(2,3) ou redução na absorção radicular(4). Mostrou no entanto, redução no tempo de consulta quando comparado ao tratamento convencional.

Devo pedir ao meu ortodontista por bráquetes autoligados?

Como visto anteriormente, de forma muito sucinta, não existe justificativa científica para afirmar que aparelhos autoligados são superiores aos convencionais. Muitas semelhanças entre eles faz com que compartilhem dos mesmos problemas: ambos são colados sobre os dentes, favorecendo o acúmulo de biofilme bacteriano, apresentam um volume que pode causar desconforto aos lábios nos primeiros dias de instalação e necessitam de fios elásticos para ativar o movimento ortodôntico. Importante salientar que o princípios do movimento ortodôntico é o mesmo independente do aparelho utilizado.

Aparelhos sozinhos não movimentam os dentes! É necessário planejamento e direcionamento das forças para que os dentes se movimentem para locais adequados.

A inteligência não está no bráquete, o ortodontista é a peça fundamental.

Referências

1. Yang X, Su N, Shi Z, et al. Effects of self-ligating brackets on oral hygiene and discomfort: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled clinical trials. Int. J. Dent. Hyg. 2017;15(1):16–22.

2. Chen SS-H, Greenlee GM, Kim J-E, Smith CL, Huang GJ. Systematic review of self-ligating brackets. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. 2010;137(6):726.e1-726.e18; discussion 726-7. Available at: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20685517. Accessed March 25, 2012.

3. Zhou Q, ul Haq AAA, Tian L, Chen X, Huang K, Zhou Y. Canine retraction and anchorage loss self-ligating versus conventional brackets: a systematic review and meta-analysis. BMC Oral Health 2015;15(1):136. Available at: http://bmcoralhealth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12903-015-0127-2.

4. Yi J, Li M, Li Y, Li X, Zhao Z. Root resorption during orthodontic treatment with self-ligating or conventional brackets: a systematic review and meta-analysis. BMC Oral Health 2016;16(1):125. Available at: http://bmcoralhealth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12903-016-0320-y.

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